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Tu

Pensado a partir da leitura dos ensaios de Flusser, em especial o texto Ventos, em que o autor aborda a natureza enquanto hierofania e mandamento transcendente, Tu (2023) é um ensaio fotográfico que explora a fotografia de longa exposição em diálogo com a cianotipia, para experimentar as dimensões de estranhamento e fugacidade na imagem e nas relações entre nosso (des) entendimento das noções sobre a natureza e nossa existência anímica. Tu existência que se forja na imagem fotográfica e suas ficções transcendentes. Um transcender das limitações técnicas, das rasuras conceituais, mas também de qualquer fé inabalável nas imagens. Tu atenção despretensiosa pelo percurso do processo criativo concretizada em uma caminhada pelo Parque Ecológico e de Uso Múltiplo Olhos D'Água (Brasília/DF) onde as imagens foram produzidas. Com sua funcionalidade representativa e protetiva de ecossistemas, os parques compõem essa natureza manejada, culturalizada, enredada nas leituras humanas de sua manifestação imanente. Tu antítese a priori e um afeto por consequência, cujos mistérios residem na distância entre o espontâneo da vida e as trilhas demarcadas. Eis que nasce um corpo disforme, cuja natureza ultrapassa as linhas humanas. O cupim e a densa mata do cerrado contrapõem sombras que parecem caminhar em direção aos olhos, como se fossem capazes de cobrir a tela, para que então, descolados da visão, possamos aguçar nossos ouvidos a escutar o vento.

Doutoranda em Artes Visuais pelo Instituto de Artes - IDA/UNB. Ana Moraes Vieira (nome artístico Ana Moravi) é realizadora, produtora e pesquisadora, nascida em Belo Horizonte, MG. Vive e trabalha em Brasília, Distrito Federal, com artes visuais, cinema e arte-educação. Atuou por 4 anos em Cabedelo, Paraíba, onde desenvolveu projetos junto ao Instituto Federal da Paraíba, a coletivos criativos e diversas cineastas. Mestre em Arte e Tecnologia da Imagem pela EBA/UFMG. Produziu a Mostra Horizontes Transversais (2014), lançando o livro Horizontes Transversais - artistas da imagem e som em MG (2000-2010), convergência da sua pesquisa de mestrado. Em Belo Horizonte, integrou o coletivo Colégio Invisível como diretora e produtora, com trajetória de produção com baixos orçamentos, por meio de uma rede de parcerias e filmes exibidos e premiados em circuitos nacionais e internacionais de festivais, canais de TV no Brasil (Canal Brasil) e América Latina (Turner Broadcasting System). A MULHER QUE AMOU O VENTO (2014, 67'), primeiro longa-metragem como diretora, estreou na Mostra Aurora da 17 Mostra de Cinema de Tiradentes. Integrou o 30 Salão Nacional de Arte de Belo Horizonte/Bolsa Pampulha/2010, o Museu do Sexo das Putas (Funarte/Aprosmig), a Bienal de Arte Digital 2018 entre outras exposições coletivas. Foi vocalista na banda Madame Rrose Sèlavy.



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