Povos do Cerrado
Pesquisar sobre o cabelo humano me fez refletir sobre muitas de suas nuances, simbolismos, significados e desdobramentos. Vejo o quando esta materialidade se relaciona com a ancestralidade, memória, o afeto e o corpo. Mais que fios, mechas, cores, texturas e volumes, o cabelo, se torna uma potencial paisagem orgânica, enquanto representa pessoas e as retrata em toda sua subjetividade, simplismo e importância. E nos desdobramentos destes estudos, iniciei a série onde fotografo com o celular as pessoas de costas. Ao retratar uma pessoa nesta posição, busco ampliar o conceito de retrato, não só o rosto nos representa. Mas, nossos cabelos trazem muito de nossa ancestralidade, individualidade e identidade. Porém, esta amplitude reflete também para o conceito de paisagem. Ao falar em cerrado, pensa-se muito em sua paisagem (fauna, flora, suas cores e texturas) exuberante. O que é um fato. Mas para mim, as pessoas também fazem parte e complementam esta paisagem, os habitantes deste habitat tão fantástico devem se complementar e estar em harmonia. Por isso, apresento este políptico de fotografias de pessoas que habitam o cerrado, intitulado “Povos do Cerrado”.
Flavia Fabiana é artista visual e arte educadora, natural de Anápolis – GO. Reside e trabalha em sua cidade natal e também em Goiânia – GO. Mulher branca cis, de cinquenta anos, de origem humilde. Se formou na FAV/UFG (Faculdade de Artes Visuais/Universidade Federal de Goiás). Ao terminar a faculdade se dedicou a licenciatura em arte. Em 2015 retoma uma pesquisa há muito esquecida no campo acadêmico. No ano de 2019 realiza sua primeira exposição individual, em Anápolis. Desde então, segue os percursos direcionados por seus estudos. Seu trabalho artístico narra as relações com a memória, ancestralidade, o tempo, o corpo e também seus afetos. Usa como principal material de estudo, o cabelo humano. Mais que fios, mechas, cores, texturas e volumes, considera o cabelo, uma potencial paisagem orgânica, enquanto representa pessoas e as retrata em toda sua subjetividade e importância. Nas mais variadas experimentações, técnicas, suportes e mídias, por meio de coletas e inventariados desta materialidade, se expressa através do desenho, pintura, fotografia, performances entre outros. Provocando reflexões em meio aos conceitos e ao uso subjetivo ou direto, desta materialidade preciosa repleta de simbolismos. Participa de exposições desde 2015.