É a partir de uma caminhada pelo jardim que trago questões contemporâneas para o campo expositivo, tendo o caminhar como uma filosofia de ateliê, para que a obra não tenha o cheiro de poeira dos livros que ainda ecoam. Atravessando o rio de um lado para o outro, a coleta. O encontro com a matéria é importante nos processos, gera um certo tipo de entusiasmo para as mãos que colaboram. A partir da provocação do edital Rebrota, saí para uma longa caminhada pelo jardim, subi a bacia do São Francisco, onde bebe o Cerrado de Minas Gerais, adentrei as profundezas do Rio Doce. Tantas vidas enlamadas pela ganância de poucos. Tantos sonhos interrompidos resistem/insistem em rebrotar sem sair do lugar. E há ainda mais de 400 minas em estado de risco, uma das mais críticas no município de Rio Acima. Na instalação MARIANA BRUMADINHO RIO ACIMA, a um só tempo, lirismo e denúncia. Os galhos de barro giram como a bomba relógio de mais uma tragédia anunciada.

Betraiz de Oliveira Paiva (1984) é artista visual brasiliense e, por formação, jornalista. Dedica-se a pesquisar o jardim, adentrando suas profundezas. Entre outros, trajetória inclui: Em 2023: Pele Barro Pedra Grafite Rio, Individual simultanea na Galeria Rubem Valentim, no Espaço Cultural Renato Russo. Residência artística no Vilarejo 21, com acompanhamento crítico com Marília Panitz e exposição da Decurators. Mostra coletiva ObraBarro, no Museu das Bandeiras - GO, na Cidade de Goiás, com curadoria de Suyan de Mattos, expografia e texto de Cris Cabus (2023). Em 2022: Residência artística Vilarejo 21 com curadoria crítica de Christus Nóbrega e exposição coletiva DevOrar a Antropofagia, na galeria Alfinete. Web-exposição coletiva "Regime do Fogo", uma realização do media-lab/UnB com curadoria de Luciany Osório e Artur Cabral. Exposição Itinerante em Casa, individual simultânea, no Casapark, com curadoria de Gracilene Bessa.

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