O inferno somos nós" é um testemunho de uma época em que é comum na minha região incêndios serem provocados em vários pontos da cidade, por vezes invadindo a região urbanizada e portanto retrata o efeito nocivo do humano sobre a vegetação. "Jacu" é uma ave que pode ser encontrada tanto no Cerrado como na Mata Atlântica, esse especialmente posava sobre uma árvore de cerrado numa região especialmente contemplada por ambas as formas de vegetação e ameaçadas pelas mineradoras na Serra do Curral. "Amarelo Esperança" é um trocadilho com "Verde Esperança", em homenagem ao icônico Ipê Amarelo, que se destaca em meio a vegetação. O tratamento pálido dado a fotografia junto ao destaque natural do amarelo deve remeter a "atenção". Essa exposição parece que caiu do céu, porque há tempos que essas obras estão prontas e nunca tive a oportunidade de mostra-las em contexto apropriado com a relevância de causa, para além da estética.

De lá pra cá a fotografia me invadiu e passei a vive-la, tanto profissionalmente, quanto nos momentos de lazer, em casa, na rua, na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapê. Do meu ponto de vista, tudo pode ser fotogênico. Atualmente, além do meu perfil comercial, mantenho alguns perfis de fotos de celular, com os quais já tive a oportunidade de ser exposto no MIS-SP e publicado na extinta revista NoMirror Mag. Para além do mero registro, a fotografia documenta, e , portanto, testemunha o mundo, nós, e o que fazemos com ele. Fotografar é participar dos marcos temporais, é intervir a partir da observação. Por vezes é denunciar ou preservar. A fotografia choca e também encanta. Fotografias transformam. Por isso, fotografar também é um ato político.

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